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Palavras ao vento

Palavras ao vento

Liberdade para crescer

Não te percas em pensamentos, pensa, mas não te prendas, pensar é bom, ficar presos neles é absurdo. Toma uma atitude, não o digas que vais fazer, faz se sabes aquilo que queres para ti, e o que é melhor. Não cries dúvidas ou peças opiniões sobe a pena de te surgir ainda mais dúvidas. Não vivas no medo, vive apenas com consciência, mas não deves ter medo de arriscar, pois mesmo não arriscando na vida, o risco está presente todos os dias na tua vida. Tem mais coragem menos cobardia. Não acredites  na frase mais vale um cobarde vivo do que um herói morto. Existe heróis que já morreram, e  outros que ainda continuam vivos, os heróis que já partiram deixaram alguma coisa para a história, os que ainda estão vivos , irão deixar o seu legado também, e por fim existe os outros que passam a vida "enclausurados" no seu canto, na sua zona de conforto, sem nunca tentar progredir, presos do seu destino sem nunca tentar fazer história, numa história onde  gostariam de ser protagonistas, mas que nunca fizeram nada, nem nunca tentaram fazer nada para o ser. Mais importante que todos és tu, tu és muito mais do que achas que és ou não capaz, e és capaz de ser melhor sem medo de julgamentos ou juízos de valor, porque o teu futuro só tu é que sabes , e tu saberás o que estás disposto a fazer para lá chegares e até onde estarás disposto a ir!

Entrevista com o Sr. Dr. Palhaço Fernando Terra do Projecto Rugas de Riso

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Fernando Terra muito obrigado por teres aceite o meu convite, é uma honra ter-te aqui como meu amigo e com o conhecimento que tu tens. Hoje vamos ficar mais ricos de certeza. Obrigado uma vez mais pela tua disponibilidade.

 

André Ferreira- Para quem não conhece o Fernando Terra quem é o Fernando Terra?

Fernando Terra- Sou natural do Brasil e vivo em Portugal desde 1999. Tenho formação na área de teatro e sou músico autodidata. Casado com a escritora Rosana Antonio e com dois filhos (Leticia e Matteo). Sempre acreditei na arte como ferramenta de transformação. Não me vendo e não vou em “modas”. Tento ser o mais coerente possível comigo mesmo e dificuldades, pra mim, são aprendizagens. Em 2001 comecei a investigar e desenvolver a arte do palhaço e hoje sou formador internacional de clowning. Trabalho em simultâneo em Portugal e Itália, colaboro com alguns projetos sociais e sou diretor artístico da Associação MELECA, que dentre seus projetos, gere o programa Rugas de Riso.

 

André Ferreira- Quando é que surgiu este projeto de palhaços para idosos?

Fernando Terra- Surgiu quando estive numa longa temporada (de 2 anos) em Roma (Itália). Estávamos nos preparando para voltarmos para Portugal quando me veio a ideia de trazer para Portugal algo que ainda não existia. Um programa específico de palhaços para idosos em lares e instituições de acolhimento. E assim nasceu o programa Rugas de Riso, que hoje conta com 5 artistas profissionais, com treinamento para atuação em contexto clínico e recebe também a coordenação de Rosana Antonio

 

André Ferreira- Porquê o nome Rugas de riso?

Fernando Terra- Ouvi uma vez que as nossas marcas de expressão surgem quando dobramos a pele mais de mil vezes. Ou seja, vamos criando marcas no nosso rosto ao longo da vida. Marcas da vida, portanto. Quando pensámos num nome para o projeto vieram muitas ideias e até chegámos a experimentar algumas delas, até que tivemos a ideia de aproximar dois mundos: Idosos e Palhaços. Daí veio a ideia das rugas e - como diz a Rosana - se for para termos rugas, que sejam de riso. Assim juntamos as rugas ao riso, que é a marca do palhaço, apesar de o palhaço trazer muito mais que o riso com ele. Achámos o nome divertido, complementamos o logotipo com um jogo de dominó. O dominó é visto em todos os lares que visitamos e a ação dos palhaços em improviso chamamos de “jogo”. E assim fomos costurando uma grande colcha de ideias que nos levaram ao nome Rugas de Riso.

 

André Ferreira- Oual é o trabalho que é realizado pelos profissionais Rugas de Riso?

Fernando Terra- Visitamos lares e instituições de acolhimento de idosos através de palhaços profissionais, que recebem formação contínua. Temos o objetivo de não infantilizar o idoso. Trabalhamos a auto-estima, o estímulo psico-motor, a escuta ativa, redefinimos o ambiente e contribuímos para que pacientes em situação paliativa possam reorganizar suas ideias através de momentos poéticos com base no teatro físico e da comédia dell’arte.

Toda ação é antecipada por uma conversa séria com as enfermeiras ou diretores técnicos das instituições que visitamos.

Defendemos a regularidade das visitas porque acreditamos no poder da relação entre nossos Senhores Palhaços e os utentes.

 

André Ferreira- O que é preciso ter para ser um palhaço Rugas de Riso?

Fernando Terra- É preciso ser artista acima de tudo. Ter capacidade de gerir suas emoções diante de situações frágeis. Ter a capacidade de falar com seriedade quando necessário (com os profissionais de saúde), ser capaz de trabalhar em dupla e em constante improviso.

Também exigimos rigor no trabalho e compromisso dos profissionais que trabalham connosco. Vale lembrar que são profissionais remunerados pela sua qualidade profissional e pelo tal compromisso com o projeto.

 

André Ferreira- Como é que é ser palhaço de Idosos, sendo que esta é uma população cada vez mais abandonada sobretudo pela população mais jovem e não só, vivendo muitas vezes numa solidão extrema, e sem ter ninguém que os apare. Qual a importância na tua opinião deste trabalho?

Fernando Terra- Como disse antes, trabalhamos muito através das relações criadas entre nós e os utentes. Portugal tem cada vez mais uma população mais envelhecida. Vários são as carências nesta área. Posso dizer que há dez anos, quando começámos, víamos a situação pior do que hoje. O número de pessoas com demência vem aumentando e acho que todas as iniciativas complementares a terapia, desde que sejam sérias e de qualidade, devem ser bem vindas e valorizadas pela população. Nossos questionários de avaliação demonstram 100% na aceitação do Rugas de Riso e há cada vez mais instituições que nos ligam e nos convidam para visitar, não só no concelho de Mafra, mas em vários outros do país e até no exterior. No Canadá fomos tema de uma aula na faculdade de Toronto, o Brasil, a Itália e a Polónia (grupos desses países) estão a nos contactar para intercâmbios e para darmos formação e instituições públicas e privadas nos tem apoiado cada vez mais.

 

André Ferreira- O que é necessário ter para poder-se ser um palhaço de idosos?

Fernando Terra- Responsabilidade, Sensibilidade e Técnica. Palhaço não é uma fantasia de carnaval, é uma arte muito complexa que só quem não tem ideia da dimensão dela acha que é fácil. Ser palhaço não é saber contar piadas e nem ser engraçadinho. É a arte contrária do ator. Não há personagens, na verdade. Há somente a pessoa elevada a um exponencial altíssimo.

 

André Ferreira- Geralmente este trabalho com os idosos, é feito em que locais?

Fernando Terra- Nosso foco principal são os lares. Mas atuamos em centros de dia e até já atuamos na rua.

 

André Ferreira- Fugindo um pouco do tema, sei que tens uma academia de teatro na Ericeira chamada Associação Meleca. Queres aproveitar a oportunidade e falar-nos um pouco deste teu projeto?

Fernando Terra- Na verdade a MELECA é o nome da associação que gere vários projetos. O Rugas de Riso é um deles, a Academia de Teatro é outro projeto também gerido pela MELECA.

Neste momento a MELECA conta com cerca de 50 alunos de teatro que duas vezes por ano sobem aos palcos. Somos 3 professores que atendem 7 turmas de alunos com idades a partir dos 3 anos.

Trabalhamos o sentimento de grupo, a concentração, a criatividade, o não-protagonismo, tudo através de espetáculos teatrais com uma estrutura profissional, onde os nossos alunos/artistas superam dificuldades em conjunto e individualmente, com o suporte dos professores e a preciosa colaboração dos pais, avós e tios. Somos uma grande família.

Durante os meses de julho e agosto realizamos workshops gratuitos para todos que se interessam pelo teatro e já estamos com inscrições abertas para o próximos semestre com início na primeira semana de setembro.

 

André Ferreira- A nossa população tem vindo em envelhecer dia para dia, mas as preocupações que no fundo são responsabilidade de todos nós, por vezes ficam esquecidas. Não sei se concordas  ou não com esta afirmação, e qua él a tua opinião sobre a mesma?

Fernando Terra- Concordo. Acho que há um conceito ultrapassado sobre o idoso. Idoso é quem tem mais idade. Diferente de velho. O ocidente criou-se um conceito que junta as palavras idoso e velho num único espaço. Velho é o que não serve para nada. Idoso é o que acumulou história e conhecimento. Quem finge que este problema não existe fatalmente cairá sobre o mesmo daqui uns anos. Mas acho que pouco a pouco estamos a construir uma nova forma de pensar. Talvez não iremos viver tanto para presenciar a mudança que está a começar, mas eu sou otimista. Quanto ao sentimento de responsabilidade, acho que enquanto os pais continuarem a privar os filhos dos problemas, remediando-os com pequenos aparelhos que alienam os meninos e enquanto as escolas não mudarem seu conceito de ensino (que repete um formato de mais de 100 anos), o prolongamento da evolução de mentalidade só tente a crescer. Infelizmente o ser-humano é medroso e evita as mudanças e tente esquivar-se dos problemas.

 

André Ferreira- Gostavas que deixasses um conselho não só a todos os profissionais que trabalham na área da geriatria como a todos nós cidadãos que também temos responsabilidades para com estas pessoas?

Fernando Terra- O único conselho que posso deixar é VAMOS CUIDAR DE NÓS. Abrir as mentes, ter maior noção de espaço, não invadir o espaço do outro e não impedir o crescimento do outro.

 

André Ferreira- Por fim diz-me Fernando Terra, como é para ti trabalhar na Rugas de Riso?

Fernando Terra- Eu faço aquilo que gosto. Tenho muito orgulho do caminho que o Rugas de Riso já trilhou até aqui e tenho a consciência que ainda não é nem o começo. Tenho muito carinho por quem visitamos e nunca aprendi tanto em toda minha vida.

Quero deixar aqui o convite a quem nos quiser conhecer de não hesitar em contratar a nossa associação MELECA, que fica no Parque Santa Marta, na Ericeira.

E não posso deixar também de dizer que somos um projeto independente que precisa de apoios. Há dezenas de pessoas que já colaboram connosco todos os meses. Estas colaborações são sempre revertidas a visitas a lares de idosos.

 

André Ferreira- Resta-me agradecer toda a tua disponibilidade Fernando Terra e desejar-te todo o sucesso para todos os teus projetos e que continues a distribuir sorrisos!

Para quem quiser saber mais sobre o Projeto Rugas de Riso, Deixo-vos aqui o link de acesso Direto ao youtube:

https://www.youtube.com/watch?v=pxMMmUF2QuY&t=381s 

 

Formação, Vocação ou Educação?

É verdade! Que grande misturada e salganhada que para aqui vai. Passo a explicar o título:

- A minha opinião difere, em grande parte, das de muitas pessoas, mas algumas até têm a mesma opinião que eu.

Eu concordo que, para muitas pessoas, a educação ficou à porta de casa e, para outras, nem em casa esteve.

O facto de ter um bom ambiente dentro de casa ajuda muito. Diz-se por aí que o dinheiro ajuda. Sim, é verdade, ajuda, mas no sentido de poder proporcionar uma vida melhor aos nossos filhos.

Existe muito boa gente, que tem muito dinheiro e que não têm onde cair mortos, acham-se superiores a toda a gente e muitas vezes são as pessoas com mais problemas, com mais dívidas. Isto é, como se diz em bom português, com a corda entalada ao pescoço.

Escondem a sua tristeza com mau humor que, muitas vezes, na minha opinião, caracterizo mais por má educação.

Sempre me ensinaram que uma saudação faz parte da educação (Exemplo: Bom dia, Boa Noite, Se faz favor, obrigado.etc). 

E apesar de os meus pais nunca terem tido muito dinheiro, e ter crescido num seio de uma família pobre, nunca houve falta de educação.

Os meus pais não tinham possibilidades para que fosse estudar para ser doutor, não que eu quisesse, porque ao contrário de muita
gente que estuda para ser médico a mando dos pais, os meus pais sempre me disseram para seguir o que quis.

Assim o fiz: segui o que quis, e hoje sou bom naquilo que faço, peço desculpa pela modéstia. Existe muito boa gente, desde médicos, advogados, juristas, que se calhar até trabalham todos os dias com a maioria de vós, e que passa por vocês sem sequer vos dar um bom dia. Coitados, lá
está, a humildade a cair e a má educação a subir. Outros, como os pais quiseram, tal como disse ainda a pouco, seguiram, não diria as vertentes deles mas sim as vertentes que os pais quiseram para eles. E lá está, por isso é que hoje em dia estamos rodeados de profissionais cheios de boa educação e pouca formação. Peço desculpa a outros profissionais que, tal como eu, não têm nada a ver com isto, pela minha ironia!

Autor: André